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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Post.233: É VALIDO FAZER PRECE PELOS DESENCARNADOS?

Encontramos no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, o texto a seguir sobre prece pelos desencarnados e pelos espíritos sofredores. Como é importante realizar prece para eles, sendo essas orações um vento de esperança e de luz em seu espírito.




Da prece pelos mortos e pelos espíritos sofredores

         18. A prece é reclamada pelos espíritos sofredores; ela lhes é útil porque vendo que pensam neles, sentem-se menos abandonados, menos infelizes. Mas a prece tem sobre eles uma ação mais direta: reergue-lhes a coragem, excita-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal. É nesse sentido que ela não só pode aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.

        19. Certas pessoas não admitem a prece pelo mortos, porque, na sua crença, não há para a alma senão duas alternativas: ser salva ou condenada às penas eternas, e, num e noutro caso, a prece  é inútil. Sem discutir o valor dessa crença, admitamos por um instante a realidade das penas eternas e irremissíveis, e que as nossas preces sejam impotentes para lhes por um termo. Perguntamos se, nessa hipótese, é lógico, caridoso e cristão rejeitar a prece pelos condenados? Essas preces, por impotentes que sejam para os livrar, não são, para eles, um sinal de piedade que pode dulcificar seu sofrimento? Sobre a Terra, quando um homem é condenado perpetuamente, no caso mesmo que ele não tenha nenhuma esperança de obter graça, é proibido a uma pessoa caridosa ir sustentar suas correntes para lhe aliviar o peso? Quando alguém está atacado de um mal incurável, porque não oferecer nenhuma esperança de cura, é preciso abandoná-lo sem nenhum alívio? Imaginai que, entre os condenados, pode se encontrar uma pessoa que vos foi cara, um amigo, talvez um pai, uma mãe ou um filho, e porque, segundo vós, não poderá esperar sua graça, lhe recusaríeis um copo de água para estancar-lhe a sede? Um bálsamo para secar-lhes as feridas? Não faríeis por ele o que faríeis por um prisioneiro? Não lhe daríeis um testemunho de amor, uma consolação? Não, isso não seria cristão. Uma crença que resseca o coração não pode se aliar com a de um Deus que coloca, em primeiro lugar entre os deveres, o amor ao próximo.

         A não eternidade das penas não implica a negação de uma penalidade temporária, porque Deus, na sua Justiça, não pode confundir o bem e o mal. Ora, negar, nesse caso, a eficácia da prece, seria negar a eficácia da consolação, do encorajamento e dos bons conselhos. Seria negar a força que se haure na assistência moral daquele que nos querem bem.

        20. Outros se fundamentam numa razão mais especiosa: a imutabilidade dos decretos divinos. Deus, dizem eles, não pode mudar as suas decisões a pedido de suas criaturas; sem isso nada seria estável no mundo. O homem, pois, nada tem a pedir a Deus, não tem senão que se submeter a adorá-lo.

        Há, nessa ideia, uma falsa aplicação da imutabilidade da lei divina, ou melhor, ignorância da lei no que concerne à penalidade futura. Essa lei é revelada pelos  Espíritos do Senhor, hoje que o homem está maduro para compreender o que, na fé, está conforme ou contrário aos atributos divinos.

        Segundo o dogma da eternidade absoluta das penas, ao culpado não se tem em conta seus remorsos e seu arrependimento; para ele, todo desejo de se melhorar é supérfluo e está condenado a permanecer perpetuamente no mal. Se está condenado por um tempo determinado, a pena cessará quando esse tempo tiver expirado; mas quem diz que, então, terá mudado para melhores sentimentos? Quem diz que, a exemplo de muitos condenados na Terra, na sua saída da prisão, não será tão mau quanto antes? No primeiro caso, seria manter na dor do castigo um homem que retornou ao bem; no segundo, agraciar aquele que permaneceu culpado. A lei de Deus é mais previdente que essa; sempre justa, equitativa e misericordiosa, não fixa nenhuma duração à pena, qualquer que seja; ela se resume assim:

        21. “O homem suporta sempre a consequência das suas faltas; não há uma só infração à lei de Deus que não tenha punição.

        A severidade do castigo é proporcional à gravidade da falta.

        A duração do castigo, para qualquer falta, é indeterminada e está subordinada ao arrependimento do culpado e seu retorno ao bem. A pena dura tanto quanto a obstinação no mal, e seria perpétua se a obstinação fosse perpétua, de curta duração se o arrependimento chega logo.

         Desde que o culpado clame por misericórdia, Deus o ouve e lhe envia a esperança. Mas o simples remorso do mal não basta, pois é preciso a reparação. Por isso, o culpado é submetido a novas provas, nas quais pode sempre, por sua vontade, fazer o  bem em reparação ao mal que fez.

         O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte, podendo abreviar seu suplício ou prolongá-lo indefinidamente. Sua felicidade, ou sua infelicidade, dependem da sua vontade de fazer o bem.”

         Tal é a lei; lei imutável e conforme a bondade e a justiça de Deus.        

         O espírito culpado e infeliz pode, assim, sempre salvar-se a si mesmo: a lei de Deus lhe diz em que condições pode fazê-lo. Frequentemente, o que lhe falta é a vontade, a força, a coragem; se, por nossas preces, nós lhe inspiramos essa vontade, se o sustentamos e encorajamos; se, por nossos conselhos, nós lhe damos as luzes que lhe faltam, ao invés de solicitar a Deus a derrogação da sua lei, nos tornamos instrumentos para a execução da sua lei de amor e de caridade, na qual ele nos permite, assim, participar dando, nós mesmos, uma prova de caridade.   

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec.


Leia também. Link para: PRECE PELAS ALMAS SOFREDORAS


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